O poeta da psicanálise: Victor Guerra.
Extravio
Ferreira Gular
“Onde começo, onde acabo,
se o que está fora está dentro
como num círculo
cuja periferia é o centro?
Estou disperso nas coisas,
nas pessoas, nas gavetas:
de repente encontro ali partes de mim:
risos, vértebras.
Estou desfeito nas nuvens:
vejo do alto a cidade
e em cada esquina um menino,
que sou eu mesmo, a chamar-me.
Extraviei-me no tempo.
Onde estarão meus pedaços?
Muito se foi com os amigos
que já não ouvem nem falam.
Estou disperso nos vivos,
em seu corpo, em seu olfato,
onde durmo feito aroma
ou voz que também não fala.
Ah, ser somente o presente:
esta manhã, esta sala”
Eu escolhi o poema extravio de Ferreira Gullar para homenagear hoje o psicanalista Víctor Guerra . O poeta Ferreira Gullar era um dos seus amigos imaginários como Víctor gostava de dizer !!!
A sua ausência/presença se faz sentir desde 27/6/2017
E Víctor nos deixa a sua poética teoria para continuar ecoando em nossa clínica.