Impermanências
Este ano para nosso grupo foi um ano de muitas perdas. Perdas pessoais: lutos. Incertezas sobre a saúde : desamparo. Como continuar … na insegurança de águas turbulentas. O estado de mente facista à nossa volta e o esforço contínuo por manter preservada a nossa capacidade de pensar. O que nos fez enxergar as propriedades terapêuticas deste grupo que de novo pôde se abrir para acolher as experiências difíceis por que passamos juntos. Neste natal algumas cadeiras estarão vazias à mesa. Neste hanukkah , o milagre comemorado é poder continuar apesar da negatividade que nos circunda. Relembrando Ogden: ” a capacidade para…a posição depressiva proporciona ao indivíduo o potencial de tornar a sua própria morte tolerável. Quando o sujeito é capaz de sentir que sua experiência com objetos perdidos nunca é totalmente perdida, torna-se possível sentir que as experiências dos outros consigo e os símbolos criados por ele podem não ser inteiramente perdidos após a sua morte.” E assim, escolhemos viver.
EPITAFIO
É só disso que me lembro:
quando prenderam Pedro Bala,
na cafua,
e o que ele tinha era sede.
a sede no corpo, a dor no corpo,
a preponderância do corpo.
Somos corpos perecíveis.
Material frágil.
Quando eu morrer, vou gostar
que leiam sobre meu túmulo
os meus versos preferidos:
serão o meu testamento,
farei uma lista com eles,
que sejam lidos junto com os meus,
Quem escreveu ,não importa –
quem escreveu foi Deus.
( Arianne Angelelli)