NATAL: O NASCIMENTO DO SALVA-DOR

 

Minha senhora-dona, um menino nasceu. 

O mundo tornou a começar.”

Guimarães Rosa

 

O Natal assume o papel de protagonista neste momento do ano. Independente do que ele signifique na realidade externa: festas pagãs cristianizadas, um evento incentivador de consumo, um feriado, uma festa santa, ou qualquer outro significado que se ele possa ter, o Natal tem em si um símbolo: o nascimento do salvador.

A comemoração do Natal, no mundo externo, pressupõe uma data festiva e repleta de alegrias: montar a árvore de Natal, acender as luzinhas dos pisca-piscas, montar o presépio, enfeitar as portas com guirlandas, colocar os presentes sob a árvore, decidir quem fará o papel de Papai Noel, a ceia – geralmente repleta de guloseimas maravilhosas –, reunir a família e tantas outras coisas alegres. Parece que o mundo fica colorido e iluminado.

E como se dá a comemoração do Natal, na parte do nosso mundo

interno, que é sem cor e escura? Naquela parte tão cheia de dor? Dor pelo que não se tem ou não se teve, dor de quem se foi e não voltará mais, dor do vazio impreenchível, dor de viver e dor de saber do morrer. Enfim o que fazemos com tanta dor? Penso que podemos tentar recorrer ao significado simbólico do Natal: o nascimento do SALVA-DOR.

Acredito que o Natal pode então transformar-se em um evento interno CONFORTA-dor, DILUI-dor, DISSIPA-dor, ou seja, ao

encontrarmo-nos com o nosso SALVA-dor interno, que ele possa nos salvar da dor, possa nos confortar da dor, possa dissipar nossa dor.

Acredito ainda que o Natal pode também transformar-se em um evento interno RENOVA-dor, que renovaria nossas forças e faria nascer um LIMITA-dor, que colocaria um limite dentro de nós que nos ajudasse a lidar com as dores inevitáveis da vida. Amenizadas tantas dores podemos então nos voltar para uma Natal SONHA-dor, que nos presenteie com um GERA-dor e CRIA-dor de ESPERANÇA.

Por fim desejo a todos um Natal ILUMINA-dor que nos tire das trevas de nós mesmos e nos leve para uma vida (interna e externa) ILUMINADA.

Por Katia Piroli.