Depressão Pós Parto(Mãe e Pai) – Depressão Materna

Podcast sobre depressão parental, com Vera Iaconelli.

Este é o podcast Papo de Mãe. Participam deste papo com as apresentadoras Roberta Manreza e Mariana Kotscho, a psicanalista Vera Iaconelli e a psiquiatra Arianne Angelelli, ambas do Instituto Gerar. Vera é também colunista da Folha de São Paulo e acaba de lançar o livro “Criar Filhos no século XXI. Arianne é colaboradora do Pró Mulher – ambulatório de transtornos psiquiátricos ligados ao ciclo reprodutivo feminino. O papo é sobre depressão pós parto e depressão materna. E você sabia que existe também a depressão pós parto paterna? Neste podcast falamos dos sintomas e tratamentos para a depressão pós parto. A diferença com o baby blues. O envolvimento de toda a família. Falamos de sinais de uma depressão que podem aparecer já na gravidez e ainda de um outro quadro, pouco citado, e mais grave: a psicose puerperal.

https://www.olapodcasts.com/episodes/38#

Curso: Para Além da Contratransferência: O Analista Implicado

Aperfeiçoamento


CURSO NO FORMATO ONLINE * ver nota abaixo em: “Informações para Inscrições”

O psicanalista deve ser capaz de reconhecer com tristeza e compaixão que entre as pores e mais debilitantes perdas humanas é a perda da capacidade de estar vivo para nossa própria experiência, em cujo caso perdemos uma parte de nossa qualidade humana”.
Thomas Ogden, 2005

Favorecer um espaço de ampliação do conhecimento clínico-teórico que favoreça o trabalho clínico.
Explorar a dimensão intersubjetiva da experiência clínica a partir de autores de nossa contemporaneidade – Thomas Ogden e Antonino Ferro – alicerçados especialmente nos pensamentos teórico-clínicos de W. Bion e D. Winnicott.
Ter no horizonte o objetivo de conduzir à reflexão profunda sobre a posição do analista, bem como de sua implicação no trabalho de análise.

Corpo Docente

Gina Tamburrino e professores convidados.

Conteúdo Programático
  • Proporcionar uma visão panorâmica da evolução do conceito teórico- clínico da contratransferência, desde Freud até a atualidade, dando a ver a transformação de uma abordagem unipessoal para a intersubjetiva.
  • Apresentar a articulação entre o fenômeno contratransferencial e a implicação do analista dentro de uma teoria de campo (Baranger)
  • Trabalhar com os referenciais teóricos e as contribuições para a técnica psicanalítica de Antonino Ferro e Thomas Ogden, baseados na trajetória conceitual de Freud, Klein e Bion.
  • Apresentar e fazer trabalhar os conceitos que se relacionam com:

a) a teoria do pensar (Bion): rêverie, identificação projetiva, fato selecionado, capacidade negativa, função alfa, entre outros;
b) a teoria do campo analítico (Willy e Madelenine Baranger): campo analítico, fantasia inconsciente compartilhada, baluarte, segundo olhar.
c) o conceito de terceiro analítico e rêverie (Thomas Ogden);
d) gradiente de funcionamento mental (do sonho às alucinações: sonho, fotograma onírico da vigília (flashes visuais), transformações em alucinose, alucinações) (Antonino Ferro).

  • Abordar a questão dos limites do analista, e os impasses que surgem na sala de análise: enactment crônico e agudo (Roosevelt Cassorla).

ESTRATÉGIAS: Aulas teórico-clínicas baseadas em textos de diversos autores (conforme bibliografia) que deverão ser previamente lidos pelos participantes.

Destinado a

Psicanalistas, psicólogos e profissionais que exerçam atendimento clínico, com escuta psicanalítica.

Duração/Horário

Duração:

um ano. Carga horária do curso: 80 horas.

Horário

Sextas-feiras, das 10h00 às 12h30.

Informações para inscrições

Jornada de Saúde Mental da Mulher – 2022

PROGRAMAÇÃO

  • 08h00 – 08h15: Abertura – Dr. Joel Rennó
  • 08h15 – 09h00: Planejamento Pré Concepção – Dr. Joel Rennó
  • 09h00 – 09h45: Aspectos Psicológicos na Reprodução Assistida – Luciana Leis
  • 09h45 – 10h30: Reprodução Assistida e Psiquiatria – Rodrigo Gimenez
  • 10h30 – 11h00: INTERVALO (30min)
  • 11h00 – 11h45: Família: lugar de pertencimento, diferenciação e atritos contemporâneos – Alexandre Coimbra Amaral
  • 11h45 – 12h30: Transtornos mentais no período perinatal – Maira Lessa
  • 12h30 – 14h00: ALMOÇO (1h30min)
  • 14h00 – 14h45: Psicofármacos e Perinatalidade – Alexandre Okanobo
  • 14h45 – 15h30: Transtornos Mental Paterno e suas repercussões – Arianne Angelelli
  • 15h30 – 16h00: INTERVALO (30min)
  • 16h00 – 16h45: Elaboração Psíquica na Gestação – Rachelle Ferrari
  • 16h45 – 17h30: Pediatria e Saúde Mental Materna – Cleyton Angelelli
  • 17h30 – 18h00: Discussão de casos e dúvidas com a Equipe do Programa Saúde Mental da Mulher – Ambulatório ProMulher. (Certificado Digital – Concedido pela Escola de Excelência do IPq – Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP)
  • inscrições:
  • https://www.ceip.org.br/cursos-e-eventos/jornada-de-saude-mental-da-mulher-2022-13-087/
https://www.ceip.org.br/cursos-e-eventos/jornada-de-saude-mental-da-mulher-2022-13-087/

Quando o sono da criança se torna pesadelo para os pais

( Artigo publicado na revista “Crianças”)

Por Cleyton Angelelli

Com grande frequência, pais chegam ao consultório pediátrico trazendo queixas de sono de seus bebês e crianças. Relatam buscas de um sem-número de tentativas de adaptações, receitas e técnicas, e muitos fracassos em “fazer” seu filho dormir. Muitos estampam desânimo e estresse no rosto, decorrentes de exaustão por semanas e até meses a fio.

Meu bebê tem algum problema? – é a questão que muitos nos fazem, especialmente quando se trata do primeiro filho do casal. Nós pediatras somos bastante mobilizados por essa queixa, e muitas vezes não encontramos nenhum fator clínico ou orgânico que justifique o problema do sono. Buscamos oferecer apoio, através de dicas, ideias e “jeitinhos” para “ensinar” a esses aflitos pais a lidar com a questão.

Como se tornar um novo pai/mãe afeta o sono?

O manejo do sono do filho, principalmente para os pais novatos, é desafiador. Mesmo sendo o foco desses pais o bem-estar de seus filhos, é necessário aconselhar que eles também prestem atenção às próprias necessidades e expectativas, especialmente quando os cuidadores estão operando com pouco tempo de descanso devido às mamadas noturnas e outras solicitações.

Esse impacto nas famílias é bastante significativo. Segundo os pesquisadores da área, enquanto pais perdem uma média de 13 minutos de sono por noite, as mães deixam de dormir por mais de uma hora por noite. E o sono dos pais não retorna aos níveis pré-gestacionais até que a criança atinja 6 anos de idade. Mães de recém-nascidos estão também sob risco de insônia, sonolência diurna, ansiedade, depressão, sono não repousante e fadiga. A privação de descanso pode aumentar os sintomas de depressão pós-parto, presente em 1 a cada 8 mães.

Ritmos diversos

 Dormir é universal, no entanto, sob o mesmo teto, podem conviver indivíduos com ritmos e necessidades diversas de dormir. Portanto, primeiro é necessário esclarecer para os pais alguns “mistérios” sobre diferenças entre o sono na infância e nos adultos. Um adulto saudável tem um sono consistente e previsível, que dura em torno de 7 horas por dia, na maioria das vezes ininterrupto. Já o recém-nascido pode passar 15 a 18 horas por dia dormindo, mas em períodos curtos, independentemente de ser dia ou noite e, não raro, com maior atividade acordado à noite, pontuam os especialistas.

O desenvolvimento de um ritmo do sono no bebê (o chamado ritmo circadiano, de aproximadamente 24 horas) começa a surgir na maioria das vezes entre 3 e 6 meses de vida, com a criança obtendo mais horas contínuas de sono noturno e menos horas de sono diurno. Porém, existe grande variabilidade individual e alguma imprevisibilidade nesse amadurecimento, e não é incomum que o bebê ainda tenha despertares durante a noite durante todo o primeiro ano de vida. A questão gera mais ansiedade nos pais quando esses se defrontam com um processo que pode ter muitos avanços e retrocessos, tanto por uma causa definida (como por eventuais doenças agudas, viagens, mudanças de endereço), como sem um motivo aparente.

Conforme a criança cresce, a arquitetura do sono vai se aproximando da do adulto, tanto na estruturação de um sono sem interrupções a noite, como diminuição da necessidade de dormir de dia. Perto dos 5 anos de idade, ela apresenta uma estrutura de sono semelhante ao adulto, conforme estudos com crianças de 2 a 8 anos.

Uma técnica de sono para chamar de sua

É típica a cena da criança surgindo – mais uma vez – no quarto do casal durante as madrugadas, em busca de proteção contra monstros que insistem em habitar sua mente infantil. Por sua vez, os pais não compreendem e se frustram por ela ainda ser incapaz de acomodar seus medos e sentimentos desconfortáveis à noite, em geral afetando seu descanso e tornando-se irritável também de dia. A continência parental é sufocada pelo cansaço, aumentando as tensões e conflitos familiares, em uma espiral de desamparo. Alguns pais relatam nervosismo ao final do dia, perto da hora da criança ir para a cama.

Não se pode culpar um pai e uma mãe exaustos por buscarem saídas. Muitas vezes os problemas de sono os afetam desde o período gestacional, ou mesmo antes, como aponta Genevieve DelRosario em seu artigo Moms need to sleep like a baby, too! (“Mães também precisam dormir como bebês!”, em tradução livre). A realidade do filho que não dorme contrasta com aquele bebê que um dia foi idealizado, e expõe muitos pais à insegurança de seu papel de cuidadores e às cobranças da cultura contemporânea, que almeja entregar resoluções rápidas e massificadas às várias questões parentais.

Assim, para equilibrar a complexa equação da privação de sono com a atenção ao filho, existem técnicas e experiências que os ensinam como “domar” o sono da criança e, de preferência, “sem traumas”. As opções são variadas, bem como seus resultados, uma vez que os pais esperam respostas e atitudes em relação ao sono dos filhos que talvez não estejam prontos para obter – deles e de si próprios.

Com isso, a chamada conquista da autonomia do sono pela criança é forjada por um infinito entra e sai dos pais no quarto do bebê, por noites seguidas, até que algum lado se renda. Dormir é “vitória” contra o oponente, e não dormir é “derrota” – sim, há uma guerra em curso! Uma guerra não poderia deixar de ser traumática para pais e filhos.

O ambiente de dormir para você não é o mesmo para um bebê e uma criança

O bebê percorre um caminho para amadurecer e adquirir um bom hábito de sono, de preferência em um meio (ambiente de dormir) e observando certa higiene do sono que o ajude a se desenvolver de forma adequada. É preciso investigar quais aspectos e hábitos propiciam a melhor qualidade do sono, incluindo a rotina criada para a hora de dormir, a duração do sono, a temperatura e luminosidade do ambiente e a presença de ruídos, entre outros. Essas variáveis são entendidas como facilitadoras – não necessariamente determinantes – para ajudar a iniciar e manter o sono durante a noite toda. Não é incomum o relato de que algo que pareceu ajudar em algum momento o bebê a dormir sem interrupções não parece ajudar em outro momento.

Mas o meio, para o bebê, tem mais dimensões e significados. Não só os desconfortos e ruídos ambientais, mas também os psíquicos, influenciam a dinâmica do sono da criança. O bebê e sua mãe têm um longo caminho unidos, mesmo após a separação provocada pelo parto. A mãe é o meio para o bebê. É através dela que o bebê se relaciona com o meio, usando o anteparo materno para lhe dar contorno e organizar sua rica sensorialidade. Ao funcionar em simbiose com ela, principalmente nos momentos iniciais, muitas vezes é o colo materno o melhor berço: nos primeiros meses de vida, muitos bebês dormem melhor e por mais tempo quando são aconchegados num colo.

O colo não disponível, como no caso da ausência física ou emocional parental, torna muitas vezes o sono do bebê tenso, curto, cheio de sobressaltos e interrupções. Nesse aspecto, a rede de apoio às mães e pais – como a ajuda de familiares, babás e outros “colos” – serve também para indiretamente suportar o bebê em sua necessidade de proteção.

Do mesmo modo, pode haver colo em excesso, na medida em que ao bebê não é dada a oportunidade de aprender a dormir sozinho se os cuidadores são excessivamente ansiosos ou superprotetores. Conforme vai crescendo, a maioria das crianças atinge a capacidade de integração que lhe permite dormir com independência – o colo vai sendo finalmente introjetado por elas. Outras, por sua vez, podem precisar por muito tempo do conforto no contato físico dos pais para poder se entregar ao sono.

Desconstruindo a “Torre de Babel ao pé do berço”

Para desfazer esse verdadeiro “diálogo sem legendas entre estrangeiros”, em que um não compreende o que o outro está tentando comunicar, com frequência é preciso buscar uma intermediação de um “tradutor” sensível ao peso que o tema tem em cada família.

Para além das dicas e técnicas, o profissional de saúde – seja o pediatra ou o psicólogo – pode oferecer escuta e apoio aos pais para que caminhem na compreensão da criança em sua reivindicação de colo e proteção, dando a ela o que necessita para suportar a ausência física dos pais, sem que isso coloque a todos em situação de desestruturação. Aqui há um cuidado necessário para ajudar os pais a entender que os fantasmas que assustam a criança podem estar ligados mais às suas próprias crianças interiores do que a questões do bebê.7

No atendimento, a conexão pais-filho, os personagens no entorno familiar e as histórias daquele núcleo são incluídos na avaliação e depurados. Desse entendimento sobre as relações é que surge o amparo para que novos estágios no amadurecimento do sono possam ser gradualmente alcançados, sinal de maturidade e independência da criança. Também há limites a serem confrontados e superados por ambos os lados, de forma segura e amorosa. É significativo lembrar: a criança estará pronta quando estiver pronta e o amadurecimento integral da criança, incluindo físico e psíquico, está intrinsecamente atrelado ao ciclo sono-vigília. A criança se desenvolve também durante o sono.

Foto do autor:

Cleyton Angelelli – Pediatra, com especialização e alergia-imunologia infantil e homeopatia. Membro do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Membro do Grupo de Desenvolvimento Emocional Infantil da Casa Curumim (São Paulo).

E-mail: agimedicina@gmail.com     tel: (11) 93404-6982