Poemas simples para pensar o desenvolvimento

I- Primeiras conversas ao redor do berço

Quando o bebê vai chegar, queremos saber e saber

Que bichinho é esse, um bebê?

Ele é molinho, ele chora, ele dorme, ele não dorme.

Eu quero ler um livro, eu quero saber.

Os pais se debruçam sobre o berço

Querendo aprender seu bebê.

Vão descobrindo o que ele gosta, o melhor jeito

Para mamar e para dormir.

É difícil.

Cuidar de um bebê é cansativo.

São momentos repetitivos, muitas incertezas.

Os pais ficam sensíveis às críticas dos familiares

Querem ajudas, mas querem estar confiantes

Estar confiantes na sua capacidade de ser pais.

Cuidar de um bebê é um desafio, precisamos aprender a esperar

“Sempre trabalhei muito. Na licença maternidade,

Me sentia muito parada. E cansada ao mesmo tempo.

É estranho.”

Esperar, observar.

O bebê começa a mamar, e dorme.

Chega no pediatra, não ganhou o peso esperado.

O bebê fica muito acordado de madrugada…

“Não sei o que fazer…

Se deixa muito no colo… acostuma?

E ele tem frio, ou calor?”

A mãe fala com seu bebezinho. Ela diz várias coisas

Que são uma tentativa de traduzir o que se passa.

Parece um pouco maluca. O bebê boceja,

ela enxerga um riso. Ela vê uma mensagem ali onde o bebê

ainda está começando a criar uma intencionalidade.

Com o tempo, criarão uma linguagem própria e especial

Feliz o papai que pode estar junto desde o início.

O amor não subtrai, ele soma

Sempre cabe mais amor para receber o bebê

Este hóspede na família, que logo logo vai ser “de casa”!

Depois de um tempo, pensamos

Ah, ok, minha vida agora engloba este bebê

E posso voltar, podemos voltar, a viver

sem tantas preocupações…

“Não me arrependo do que fui outrora

Porque ainda o sou”

Diz o poeta.

Não tem nada a ver com padecer no paraíso.

Não é padecimento, mas não há paraíso.

É um momento em que damos uma volta em nossa própria vida

Para regar a vida que torna a renascer,

Em cada bebê que nasce.

Crescendo com nossos filhos…

IILimites

Limite é contorno

Limite é segurança

Limite é amor

É fronteira. Espaço, demarcação

É linha divisória

Que permite a união

Sem confusão.

Amor se aprende no limite

(já dizia Drummond)

Uma vida toda

Para aprender.

É o que dizer

E o que não dizer.

Saber que há um dentro, um fora,

Um entre nós.

É difícil dizer não

a que se ama

mas para se dizer sim,

quanto caminho

a percorrer.

Dizer um verdadeiro sim

É o privilégio

de quem sabe dizer não.

Dizer um verdadeiro sim,

Só se aprende no limite

Meu filho, me ensine,

Me relembre

O quanto é bom

Depois de um NÃO

Te dizer: sim!

Eu te respeito

Eu te conheço

Eu te reconheço

Eu sei que onde você termina

Só então é que eu

Começo.

III

O filho não nasceu da barriga do papai 

Mas o papai 

Sonhou com ele e o esperou também. 

Não foi o pai que amamentou, mas o seu colo 

foi a firmeza de que a mãe precisou para amamentar tranquila. 

Não foi com um cordão umbilical que o pai alimentou o filho 

Mas com suas palavras, com seu nome, 

Dando ao filho um lugar. 

O pai e o filho constroem uma ponte entre si:  

Uma ponte de amor, de convivência, de brincadeira e de verdade. 

É o filho quem faz o pai ?

O amor não começa e nem termina

Carrascoza nos diz que o pai e o filho 

Terão de se gerar um no outro 

Por engenho e arte de ambos .